domingo, 21 de agosto de 2011

Duas metades num coração

Já era bem tarde, o dia estava quase partindo, um nanômetro de segundo a mais e seus lábios se encontrariam. Como tudo entre eles é total sintonia, o beijo é a melhor parte de toda essa cumplicidade. Queriam poder acordar daquele pesadelo, parecia mais uma despedida o que serviu pra torná-los mais forte. O amor dele era tão grande que a fez chorar. E ela chorava por medo. Medo de não ser correspondida, de novamente sofrer.

Ele então pegou suas mãos e disse o que nenhum outro jamais havia dito e com aqueles olhinhos castanhos e um sorriso irresistível a fez a menina mais feliz do mundo e ao mesmo tempo a mais injusta também, quando de seu rosto uma lágrima escorreu. Incrivelmente ele também chorava. E o que só se ouvira era o barulho do silêncio.
Foi quando rosto com rosto, olhos nos olhos suas lágrimas se encontraram e os fizeram ter a certeza de que eram um só. Ele achara que ela mudara, ela não percebera, mas realmente mudara. Já ela achara que ele não a amava da mesma forma, e ele amara. Desencontros de idéias os levaram aquela linda situação.

Eles jamais imaginariam que chorar por amor seria uma das sensações mais incríveis do mundo.

Naquele momento sentiram que suas metades encontraram a outra metade que faltara e junto com elas a alegria maior, pois o encaixe era perfeito. Não havia rachaduras, nem cicatrizes, nem vestígios de nada que fosse antigo, eles estavam prontos para aquele amor, não sabiam, mas seus corações se preparam durante anos pra viver algo tão intenso.

Para ele era tudo novo mais ainda que pra ela. Seus corações se transformavam a cada nova experiência. Mas ainda assim palpitava, sobressaltava aceleradamente e se assustavam com um sentimento tão forte. Apesar de todo o amor sentiam-se vulneráveis como se tivessem 10 anos.

Ele disse que casaria-se com ela. Ela, que eles teriam lindos filhos. Imaginaram-se com família e juntos até a eternidade. Ela percebera mais do que nunca que devia aproveitar todos os instantes que estivessem juntos, cada instante em que dividissem o mesmo ar.

Ter sentido as suas mãos transpassarem sua nuca foi inexplicável, a respiração dele fazia cócegas em seu rosto, quem passasse e visse perceberia que os dois exalavam carinho e amor. A pressão do beijo dele a acalmava, o abraço forte dela o fazia ter certeza de que ela jamais o abandonaria. Ali por alguns instantes, sentiram-se como os únicos habitantes da Terra.

E então tudo ficou mais bonito, mais leve, mais sincero. Eternizariam aquele momento na cabeceira do criado mudo, o coração.

Deram o último beijo da noite. Enquanto ela olhava apaixonadamente, ele descera a rua, virara a esquina, mas em seus corações tinham a certeza de que se veriam no dia, na semana, no mês, no ano seguinte... E que assim seria pelo fim dos tempos.


domingo, 7 de agosto de 2011

Um amor de verão

Que merda não esqueço-me daquele dia...

Eu te olhando aqui de longe e você sabe, porque você também estava me olhando aí de longe. Estou com saudade daquele único dia que você foi meu por menos de 10 minutos. Seus olhinhos puxados, seu jeito inteligente, sua língua com gosto de pudim, o frio congelante e seus abraços disfarçados me esquentando. E aqueles seus abraços? Toda hora você chegava perto, era tão gostoso. Estou com saudade. Com saudade daquela minha liberdade, minha vaidade está gritando dentro de mim.

Não sai da minha cabeça o dia em que você tirou a blusa. Não sabia se via o jogo ou prestava atenção em mim e então disse: "Caralho, presta atenção na porra dessa bola." E depois olhou-me com o rosto mais lindo do mundo, dá um sorriso sem graça e eu reprovo o tal palavrão, dizendo: "Porra, dá pára de xingar?" E você riiiiiiiiii... Você riiiiiiiiiiiii tão deliciosamente. E eu sinto meu rosto queimar de vergonha por de repreender por algo e em seguida cometer o mesmo.

Mas então eu caio na real. Está escurecendo e uma das novas amigas diz:

"Vamos nos arrumar, todo mundo vai pra cidade mais tarde e ele vai estar lá."
Ele vai estar lá? Ele quem, camarãozinho?” (Ela tava mais vermelha que nariz de palhaço)
O Gustavo, palhaça. O Gustavo. Você pensa que ninguém está vendo essa troca de olhares... E quando vocês estavam na piscina, naquela hora do chuveiro que ele te segurou pra você não cair? E na hora do vôlei que ele te chamou pro time dele? E quando...”

“Tá chega... Só porque ele é um gato, têm o olhinho puxado, a barriga sexy e mãos com veias altas? AHHHHHH, pára! Nada a ver, Pri. A gente teve um "lance" ano passado, mas agora não. Nem rola, nem rola.” (Eu disse nem rola tantas vezes)
Nos arrumamos e saímos. A noite chegou, estou gatinha. Festa na cidade, carnaval, lugar de gente bonita.
Alguém chega por trás, ao pé do meu ouvido e diz o que eu já sabia: "Você está linda."
"Credo Gustavo, que susto."

“Desculpa não foi minha intensão.”

“Não, tudo bem. Você também está lindo.”

“Eu queria...” Dissemos os dois juntos. E em seguida sorrimos sem graça.

“Pode falar.” Eu disse.

Ele ficou meio sem jeito, vi em seus olhos que procurava as palavras certas e então lançou:

“É que... Bem... Eu estou apaixonado por você desde o dia em que te olhei diferente, e que imaginei que num futuro próximo poderíamos estar juntos. Quando vi você sorrindo feito criança naquele dia ensolarado na praia. Quando o que senti ao te ver me arrebatou, e isso nunca havia me acontecido.”

Eu naquele momento senti-me a menina mais sortuda daquele lugar, daquela noite de carnaval.

“Rapidamente lasquei-lhe um beijo como uma força de quase adentra-lo e então senti que eu era dele, que eu desde já o pertencia.”

“Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.”


Por: Ana Flávia e Yasmin Lopes