sábado, 10 de setembro de 2011

O cravo brigou com a rosa.




"Malu: Hoje, peguei-me olhando minha caxinha de lembranças. Sei que isso parece ridículo. Às vezes me pergunto como uma mulher de 35 anos ainda se pega olhando uma caixinha de lembranças.
Ela é linda. Formato coração rosa, é bem grande, sua tampa têm bolinhas brancas e a parte de baixo é coberta com palavras românticas.

Olhei para o último cartão arrependido que você me deu: "O cravo brigou com a rosa". Li, reli.
O anel eu coloquei, mas logo em seguida o tirei. E toda vez que olho a xícara colorida, lembro da nossa viagem para Veneza. Vejo o ingresso para o show da Ana Carolina, aquele que te forcei a ir. Olho nossa foto no rapel, no bondinho, na lagoa... E lembro do nosso amor produzindo mais amor.

E para variar, toda vez que essas lembranças me invadem, pego-me querendo você outra vez. Logo, olho para o celular que me faz lembrar que tantas vezes o respeito, não foi o que falou mais alto. Então pergunto baixinho, como se essa cena tivesse sido mil vezes ensaiada: Que tipo de amor é esse? Meu coração responde, só que em alto e bom som: Um único, não puro, mas cheio e cansado.

E agora você vem aqui bater na porta do meu apartamento, mentindo para o meu porteiro, dizendo que queria me fazer uma surpresa. Acredite, o que eu conheço de surpresas, isso que você está fazendo, passa longe. É bom que só assim, eu digo tudo que eu já estou cansada de ouvir de mim, só que para você.

Essa caixa por mais que eu queria, não é nem um pouco insignificante. Por mim, eu a jogaria na sua cara agora. Mas eu preciso dela pra de vez em quando jogar na minha. Pego meu celular novo que não tem o seu número velho e ouso lembrar, arrisco discar. Mas não o faço, como sempre.

Estou aqui de alma exposta para você, lhe pedindo de todo o meu coração que não volte mais. Eu te amo mas não te quero. Deixe-me aqui com a minha linda, fofa e mágica caixinha de papelão em formato de coração cor de rosa cheia de lembranças que um dia já me fizeram bem. Some!
Só quero me lembrar da sua respiração tão suave na minha nuca, dos seus dedos embolando o meu cabelo e o toque tão suave da sua boca na minha boca. Embora, isso lembre muito amor, hoje todo ele não é o suficiente para que você volte aqui por mais vezes e fique mentindo para o meu porteiro e iludindo qualquer coisa que sobrou.

Daniel a pegou pelos braços e disse baixinho: Você fala demais.
Preciso do seu amor e da sua segurança. Obrigado por tudo o que você é comigo e faz por mim. Eu não podia deixar de vir aqui e lhe dar um super abraço, minha deusa. Quero lhe agradecer por todas as noites em claro que você passou comigo me ajudando nos relatórios, dando-me toda atenção do mundo. Você foi, é fantástica. Eu fui promovido. Conseguimos, meu amor."

O amor é simples como um vendaval. Ele é aconchegante, mas muitas vezes consegue nos machucar. Ele é traiçoeiro, nos faz sentir saudade. O amor é fabuloso, com ele, conseguimos perdoar e continuar amando.



Yasmin Lopes.

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