terça-feira, 22 de março de 2011

Uma prova de amor (parte I)


O dia tava meio chuvoso e anubliado. E fazia alguns dias que eles completaram três anos e oito meses de namoro, sem nenhuma comemoração especial. Apenas um torpedo dele, mas ou menos as quatro e pouca da tarde:

“Estou muito feliz pelos nossos três anos e oito meses de namoro. Você me faz bem demais!” E uma outra dela as exatas meia noite e dois:

“A três anos e oito meses atrás eu dei o melhor beijo na melhor pessoa que poderia existir. Eu amo você meu amor. Parabéns pra nós!”

Como havia mandado primeiro, ficou apreensiva, dormiu agarrada ao telefone, e quando a bendita mensagem chegou, lá pela metade do dia, seus olhos se encheram de decepção, esperava mais muito mais... Algo estava mudando, ela sabia, e mesmo assim insistia em fingir que tudo estava bem.

“Ele deve estar cansado, desgastado do trabalho”, pensava ela.

Na mesma tarde daquele dia chuvoso ela liga pra ele. Queria fazer um convite pra assistir filme e comer pipoca, típico programa clichê de namorados. Mas que a correria do dia-a-dia estava deixando sumir.

Ela liga e o telefone chama, chama... Por fim quando já estava quase desistindo ele atende.

“Oi, meu bem!”

“Oi, querido! Saudades de você. Como esta?”

“Cansado, muito cansado.”

“Hum... Que tal nos vermos hoje?”

E por quase um minuto ela não ouviu nada do outro lado da linha além da respiração.

“Se importaria se nos víssemos outro dia? É que estou bem exausto. De verdade!”

“Não, tudo bem.” Ela disse com os olhos tomados de lágrimas, tentando disfarçar ao máximo a rouquidão e a voz chorosa que começava a se formar.

“Então está bem. Tenho que desligar agora, tenho muito trabalho por aqui. Beijo.”

Ela notara que desde que terminaram a faculdade e começaram realmente suas vidas profissionais se afastavam cada dia mais. Sentira que talvez já não tivesse mais tanta importância pra ele quanto ele pra ela. E isso a paralisou, a deixou gelada e com medo.

Quatro dias após o telefonema eles finalmente se encontraram e ela como era de se esperar demonstrou mais felicidade em estar matando a saudade dele do que ele por ela.

“Como senti sua falta.” Ela disse.

“Também senti a sua.” Ele retribuiu com a voz pouco convincente.

“O que está havendo com você? Com o nosso relacionamento? Você está mudado, meio ríspido. O que há? Me diz.”

Ele então ficou com o coração na mão. Sabia que naquele momento estava quebrando em pedacinhos o coração da moça pra quem um dia jurou amor eterno. E não sabia o porquê nem como dizer, só sabia que as circunstancias haviam mudado, isso era nítido. Podia não parecer, mas ele se culpava o tempo todo. Não acreditava como podia ter deixado aquilo acontecer. Era só o que sabia se perguntar nas últimas semanas.

“Querida, eu sei que nessas últimas semanas andei lhe magoando mais que nesses três anos e oito meses em que passamos juntos. Perdão! Eu estava tentando fazer você sentir um pouco que fosse de ódio de mim. Assim eu me sentiria menos canalha e tornaria mais fácil falar o que tenho pra te falar agora”.

“Amor, não...” Ela o interrompe.


CONTINUA ...

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